Antibióticos: moléculas da Idade da Pedra podem combater superbactérias | Mundo & História

Informações genéticas do mamute estão sendo exploradas / Imagem ilustrativa

A população mundial enfrenta atualmente quase 5 milhões de mortes a cada ano associadas à resistência microbiana, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O dado alarmante é um dos fatores que estão fazendo cientistas “voltarem à Idade da Pedra” para encontrarem novos antibióticos.

Uma equipe de estudo liderada César de la Fuente, pioneiro em bioengenharia, está utilizando métodos computacionais baseados em inteligência artificial para explorar informações genéticas de parentes humanos extintos, como os Neandertais, e criaturas da era do gelo que não existem mais, como o mamute lanoso e a preguiça gigante.

A estratégia por trás do novo estudo

Os pesquisadores afirmam que algumas dessas pequenas moléculas proteicas, ou peptídeos, que identificaram têm poderes de combate a bactérias que podem inspirar novos medicamentos contra infecções em humanos.

O trabalho, considerado inovador, também abre uma maneira completamente nova de pensar sobre a descoberta de medicamentos. “Isso nos permitiu descobrir novas sequências, novos tipos de moléculas que não encontramos anteriormente em organismos vivos, expandindo a forma como pensamos sobre a diversidade molecular”, disse de la Fuente, Professor Assistente Presidencial na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde lidera o grupo de biologia computacional.

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O bioengenheiro acredita na potencial eficiência de novas moléculas. “As bactérias de hoje nunca enfrentaram essas moléculas, então elas podem nos oferecer uma melhor oportunidade de atacar os patógenos problemáticos atualmente”, explica.

A urgência na busca por novos antibióticos

A abordagem pode parecer inusitada, mas especialistas afirmam que novas maneiras de encarar o problema da resistência antimicrobiana aos medicamentos existentes são urgentemente necessárias.

“O mundo está enfrentando uma crise de resistência a antibióticos. Minha opinião é que uma abordagem terrestre, marítima e aérea é necessária para resolver o problema – e se precisarmos voltar ao passado para fornecer soluções potenciais para o futuro, sou totalmente a favor”, disse Michael Mahan, professor no departamento de biologia molecular, celular e do desenvolvimento na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, também nos Estados Unidos. Ele não esteve envolvido na pesquisa.

Alternativas aos antibióticos

A maioria dos antibióticos vem de bactérias e fungos e foi descoberta por meio da triagem de microrganismos presentes no solo. No entanto, nas últimas décadas, patógenos têm se tornado resistentes a muitos desses medicamentos devido ao uso excessivo.

Cientistas engajados na luta global contra superbactérias estão explorando diferentes armas potenciais, incluindo fagos, ou vírus criados pela natureza para atacar bactérias.

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Outra via empolgante de pesquisa envolve peptídeos antimicrobianos, ou PAMs, que são moléculas de combate a infecções produzidas por muitos organismos diferentes – bactérias, fungos, plantas e animais, incluindo humanos. PAMs têm uma ampla gama de propriedades antimicrobianas contra diferentes patógenos, como vírus, bactérias, leveduras e fungos.

Enquanto a maioria dos antibióticos tradicionais atua focalizando um único alvo em uma célula, os peptídeos antimicrobianos se ligam e perturbam a membrana bacteriana em muitos lugares, explica Mahan. É um mecanismo mais complicado que, consequentemente, pode tornar a resistência a medicamentos menos provável, mas, ainda de acordo com o professor, devido ao potencial das moléculas de perturbar as membranas celulares, também pode resultar em aumento da toxicidade.

Via CNN.com.

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