Os macacos são capazes de reconhecer velhos amigos que não viam há décadas, e são detentores da memória social mais duradoura já documentada depois dos humanos. É o que aponta um novo estudo publicado nesta segunda-feira (18) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
Pesquisadores descobriram que chimpanzés e bonobos (chimpanzés-pigmeus) foram capazes de reconhecer fotos de ex-colegas de grupo mais de 25 anos depois de vê-los pela última vez em carne e osso.
O estudo foi conduzido pelo autor sênior Christopher Krupenye, professor assistente da Universidade Johns Hopkins, e pela autora principal Laura Lewis, antropóloga biológica e psicóloga comparada da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos.
Os testes realizados com os macacos
A inspiração para a realização da pesquisa veio quando Krupenye – que estuda a cognição animal e já tem experiência com macacos – sentiu que os animais o reconheceram mesmo anos depois da última interação que tiveram.
Para fazer os testes, Krupenye e Lewis utilizaram fotos de macacos que morreram ou deixaram seus grupos no Zoológico de Edimburgo, na Escócia, no Zoológico de Planckendael, na Bélgica, e no Santuário de Kumamoto, no Japão.
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Os resultados mostraram que os macacos olhavam “significativamente mais” para aqueles que conheciam, não importa quanto tempo tivesse passado desde a última vez que os viram, e ainda mais para aqueles com quem tinham sido amigáveis.
Krupenye comparou a experiência a esbarrar com alguém do ensino médio na rua depois de não vê-lo por anos.
A memória social dos animais
Os pesquisadores também acreditam que a memória social dos macacos pode se estender além dos 26 anos e pode até ser comparável à dos humanos, que começam a esquecer as pessoas após 15 anos, mas podem se lembrar delas por até 48 anos.
Durante os testes, uma bonobo que não via a irmã ou o sobrinho há 26 anos foi capaz de reconhecê-los, o que também representa um recorde para o tempo de memória social em animais não humanos – pesquisas anteriores mostraram que os golfinhos se lembravam de indivíduos que não viam há 20 anos.
O estudo também levanta a possibilidade de que os macacos sejam capazes de sentir falta de seus entes queridos. “Nosso estudo não determina que eles estão fazendo isso, mas levanta questões sobre a possibilidade de que eles possam ter a capacidade de fazê-lo”, disse Lewis em um comunicado à imprensa.
Os autores esperam que a pesquisa aumente a conscientização sobre como a caça ilegal e o desmatamento podem afetar as comunidades de macacos, separando os colegas de grupo.
Via CNN.com.
Jornalista pioneiro no campo da internet brasileira, Mario Cavalcanti começou a trabalhar com conteúdo online em 1996, tendo passado por portais de destaque como Cadê?, StarMedia Brasil, iBest, Globo.com e Click21. Gosta de assuntos como mistérios, criptozoologia, expedições e descobertas científicas. É editor do portal Mundo & História.